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Quem gere eficazmente um orçamento familiar tem de recorrer a pontos de apoio, sejam ferramentas informáticas, ferramentas em Excel ou mesmo agendas/cadernos. A ideia é simples. Se queremos atingir os nossos objetivos financeiros temos de ter um caminho bem definido e controlado.

Estudos feitos revelam que mais de 50% dos conflitos conjugais acontecem devido a problemas financeiros. Há um ditado popular que diz “ Em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão”, e será que não é verdade?

Será que Tenho Tudo Controlado?

O “tenho tudo controlado” deixa de ter importância e surge o “apontar do dedo” e o “não te avisei”, pois, não foram capazes de construir um plano orçamental eficaz.

É importante que todos saibam de onde vem o dinheiro e para onde vai o dinheiro mês após mês, como também é importante que saibam que um orçamento familiar não é um mapa de desejos, mas sim um mapa de objectivos e prioridades comuns a todos que dele dependem, como por exemplo, poupar para a reforma ou para a educação dos filhos.

Os orçamentos familiares são criados com objectivos de poupança e investimento e não com objectivos de consumo. Com isto não se pretende dizer que deverá eliminar todos os desejos de consumo, pois se o fizer, conduzir um orçamento será inglório pois não existiria qualquer motivação para o mesmo.

No entanto, esses desejos deverão ser medidos e ponderados e não deverão afectar a contribuição para os seus objectivos e prioridades principais.

1º PASSO – Acompanhe os Seus Gastos Durante Dois Meses

Este é o primeiro passo para começar a elaborar um orçamento familiar mensal viável, pois é por aqui que ficará a conhecer todos os movimentos que efetua com o seu dinheiro e para onde este vai todos os meses.

Não importa como o irá fazer, se vai utilizar um modelo excel ou se vai utilizar um pequeno papel de anotações. O importante é registar todas as despesas por mais pequenas que sejam, incluindo comissões e encargos com contas bancárias, créditos, cartões de crédito, e afins.

Não faça tudo de uma só vez, utilize todos os dias dos dois meses que possui e a cada dia anote todos os gastos por mais pequenos que sejam. Estará a reunir informação importantíssima para posteriormente analisar e decidir o que é importante ou não para a sua vida.

Assim que tiver o seu orçamento de gastos completo com dois meses de informação, irá reparar que, existem muitas opções para gerir melhor o seu dinheiro. Basicamente poderá identificar claramente e partilhar o resultado dessa identificação, todas as despesas onde poderá poupar dinheiro, eliminando as desnecessárias e optimizando outras.

2º PASSO – Procure a Automatização

Neste segundo passo de dedicação às suas Finanças Pessoais vamos abordar a automatização e relembrar as dicas e recomendações colocadas no artigo Mini Guia Para Poupar Dinheiro.

É certo que todos nós conseguimos tomar decisões de poupança com base no dinheiro disponível que possuímos. No entanto, na hora da tomada de decisão surgem sempre necessidades que gostaríamos de ver satisfeitas, influenciando assim o resultado final de poupança.

Quantas vezes no inicio do mês tenciona guardar um certo montante do seu rendimento e após alguns dias reformula as suas poupanças, guardando menos do que pretendia.

O segredo para uma vida financeira estável passa pela automatização, não da automatização das despesas fixas pois estas necessitam de ser acompanhas com regularidade, mas sim da automatização das suas poupanças.

Basicamente o que se pretende é que pague-se a sí primeiro, ou seja, quando recebe o seu ordenado faça as contribuições para as suas poupanças.

É aceitável que comece com pelo menos de 10% de automatização e que tenha planeado como o fazer. Por exemplo, pode decidir atribuir 50% desses 10% para o seu fundo de emergência porque é um produto de poupança que possui liquidez e que pode ser usado sempre que o inesperado acontece, e os restantes 50% para poupanças de longo prazo, como por exemplo, para a educação dos seus filhos.

Se já possui um Fundo de Emergência procure pela melhor rentabilidade nos produtos de curto prazo, como por exemplo, depósitos a prazo.

3º PASSO – Conheça os Seus Gastos

A esta altura já efetuou o primeiro passo e já sabe quais são os seus gastos e quais as categorias dos mesmos, como por exemplo, gastos com a sua habitação, gastos com a sua profissão, gastos com alimentação.

Agora chegou o momento de os conhecer ao pormenor e de os classificar quanto à importância dos mesmos, como por exemplo, quais os gastos que não consegue viver sem eles mesmo que os consiga reduzir ou quais são os gastos que lhe dão prazer de viver e ainda quais os gastos que podem ser simplesmente evitados.

Um exemplo mais detalhado são os gastos com habitação, nomeadamente, rendas ou prestações, despesas com energia e água. Estes gastos não os pode eliminar mas pode os tentar reduzir.

Como terá de viver com estas despesas, não deverá se acomodar em determinar qual o peso das mesmas no seu orçamento.

4º PASSO – Defina Limites para os Seus Gastos

A importância deste rácio limita a sua taxa de esforço entre 30% e 50% o peso da prestação nos rendimentos disponíveis, mas também revela que é aconselhável que estes encargos não ascendam o esforço máximo mensal.

O ótimo é que estes sejam no máximo 35% do orçamento mensal, pois assim estará a limitar o peso destes encargos obrigatórios no seu orçamento e ainda estará a libertar 65% dos rendimentos para outras necessidades.

Com as despesas de habitação classificadas é hora de iniciar uma nova pesquisa pela sua vida, pois agora já possui 10% do seu orçamento para a automatização e 35% para despesas com habitação, restam-lhe 55% do seu orçamento que deverá ser canalizado para despesas com alimentação, vestuário, lazer, férias etc…

Sempre que pretenda poupar dinheiro para algo especial deverá retirar 10 a 20% dos 55% para esse fim, como por exemplo, comprar um automóvel ou até poupar um dinheiro extra para investimentos.

Ao aplicar o 3º e 4º passo está a garantir que os seus gastos estão organizados por prioridades e que os limites admissíveis para os manter estão limitados a parte do seu orçamento.

De igual modo, ao definir a percentagem do rendimento disponível para cada categoria de gastos está a eliminar os gastos desnecessários, pois ficará menos dinheiro disponível para o desnecessário e mesmo que opte por consumir o desnecessário não estará a comprometer as suas prioridades.

5º PASSO – Habitue-se a Utilizar Dinheiro

Ao utilizar com maior regularidade o dinheiro em espécie está a limitar a utilização do dinheiro electrónico, como por exemplo, os cartões de débito e crédito. Para os menos disciplinados a utilização de cartões possibilitam gastar mais dinheiro sem que se aperceba. A utilização do dinheiro permite que tenha mais sensibilidade aos seus gastos e às suas escolhas.

De igual modo e por muito que discordam com esta afirmação, custa mais ver o dinheiro a sair da carteira do que o cartão a passar no terminal de pagamento automático.

6º PASSO – Crie uma Estratégia para os Seus Créditos

Concordo plenamente que possuir uma estratégia para os seus créditos em nada influencia com a elaboração e optimização de um orçamento. No entanto considero que não poderá existir um orçamento familiar eficaz que não possua uma estratégia para os seus créditos. Possuir uma estratégia é possuir a iniciativa para os pagar antecipadamente, partindo sempre da análise comparativa entre taxas de juro.

O que se pretende é que liste os seus créditos, identificando os montantes e taxas de juro e crie uma estratégia para pagar os que possuem a maior taxa. Pois sempre que paga antecipadamente os seus créditos deixa de pagar juros, ou seja, recebe juros.

Se por exemplo possui cartões de crédito e efetua o pagamento mínimo do saldo em divida, pagar antecipadamente o seu cartão de crédito é o mesmo que ganhar mais de 15% de juros ano, que não é nada mais que a taxa de juro média dos cartões de crédito.

Deverá optar por uma estratégia para pagar os seus créditos com maior taxa de juro, pois assim estará a poupar o máximo de dinheiro em juros. Todavia, dependendo dos montantes em divida e se possuir muitos pequenos créditos optar por pagar os créditos de menor divida poderá estar a aplicar uma estratégia motivadora. Em alternativa, poderá consultar as potencialidades do crédito consolidado ou da poupança através da transferência do seu crédito habitação.

Independentemente da estratégia, o segredo está em saber quanto pode despender todos os meses do seu orçamento para pagar os seus créditos e qual a consistência com que o vai fazer.

7º PASSO – Prepare-se para Dias Difíceis

Já falamos anteriormente sobre este passo, no entanto, pela importância que possui é sempre útil voltar ao assunto. Como está preparado para os dias difíceis? Tem dinheiro de lado? Vai socorrer-se dos seus familiares? Crédito é uma opção?

É preciso avaliar todas as opções para se preparar para os dias difíceis, pois, eles acontecem quando menos esperamos. É o inesperado, um problema de saúde, o desemprego, um conserto de valor considerável, etc…

Como é óbvio, é o fim de qualquer orçamento eficaz recorrer ao crédito para superar o inesperado. Por isso é sempre preferível ter dinheiro de lado ou socorrer-se dos seus familiares. Tenha pelo menos 6 meses de todas as despesas mensais de lado, preferencialmente numa conta poupança com liquidez total e que lhe permita efetuar reforços todos os meses.

8º PASSO – Viva Bem com Menos

Basicamente é o conselho fundamental em finanças pessoais e resume-se gastar menos do que ganha sem perder qualidade de vida. É possível manter a sua vida normal gastando menos dinheiro do que ganha basta que esteja mais atento a tudo que não contribui para a sua felicidade e comece por reduzir ou eliminar esses gastos.

É um esforço que vale a pena e fundamental para possuir um orçamento eficaz.

E O LEITOR, QUE DICAS ACONSELHA PARA UM ORÇAMENTO EFICAZ?

Partilhe a sua experiência e o seu conhecimento com toda a comunidade. Todos nós estamos receptivos às melhores dicas para as nossas Finanças Pessoais.